18 de maio de 2017

Convidado especial

Herdade de Pegos Claros Blanc de Noirs



FICHA
Vinificação: Vindima manual em pequenas caixas de 25 Kg. Prensa directa com cachos inteiros aproveitando apenas mosto dos primeiros apertos. O estágio foi feito sobre as borras até durante 5 meses. Engarrafado em Fevereiro de 2017. 
Casta: Castelão
Enólogo: Bernardo Cabral
Ano: 2016
Aroma: Elegante combinação de alguma fruta verde (maçã e pêra) com ligeiras notas minerais
Envelhecimento: Fermentação parcial em barrica nova (20%) e o restante em deposito inox.
Boca: Surpreendentemente estruturado, com acidez presente

Boca (final): PersistenteÁlcool: 13% 


APRECIAÇÃO:De cor apenas ligeiramente amarelada, comum nos vinhos brancos feitos de uvas pretas, este branco apresenta estrutura e acidez capazes de tornar o vinho bem presente na boca e proporcionar um final prolongado. O que o distingue, no entanto, é a sua mineralidade álgida que torna infinitamente subtis as notas de fruta verde. Muito longe da consensualidade floral ou frutada dos «vinhos de esplanada» para senhoras (ou mesmo senhores) desocupadas. Em fins de tarde quentes, basta-se a si próprio ou a acompanhar comidas leves de sabor delicado.

Convidado especial

Visitámos a Herdade de Pegos Claros, a convite de Tomás Caldeira Cabral e de Rodrigo Quina distribuidores da marca. A Herdade fica perto de Lisboa, em Sto. Isidro de Pegões, o que faz com que não haja desculpa para não a visitar.





Na visita guiada pelo enólogo da Herdade, Bernardo Cabral e por José Gomes Aires, responsável da equipa de gestão da Herdade de Pegos Claros, tivemos oportunidade de caminhar no terreno arenoso onde a vinha está plantada. Muitas vinhas velhas, que variam entre os 30 e os 90 anos de idade (65% dos 40 hectares de vinha contínua ali plantada), entre as quais se podem ver retanchas bem sucedidas. Aqui reina em absoluto a casta da região: Castelão.




A Herdade data das primeiras décadas do século xx, sendo a sua demarcação contemporânea da gigantesca Herdade de Rio Frio. O encanto da sua adega é precisamente o facto de, resistindo às tentações da «modernização», ter mantido o modo tradicional de fazer o seu vinho: métodos tradicionais de rega, de colheita manual, pisa a pé, fermentação em lagar aberto e estágio em madeira de carvalho.





Actualmente, a Herdade de Pegos Claros, uma herdade cuja área total ronda os 500 hectares, onde se praticam várias culturas, nomeadamente o montado de sobro, comercializa cinco marcas com a denominação «DOC Palmela», e sob a responsabilidade dos enólogos Frederico Falcão e Bernardo Cabral, criaram os vinhos: Pegos Claros Rosé 2015, Pegos Claros 2012, Pegos Claros Tinto Reserva 2013, Pegos Claros Grande Escolha 2012 e Pegos Claros Blanc de Noirs 2016.

A visita à Herdade foi muito proveitosa. No final, além dos tintos que já descobriramos algum tempo, como se referiu neste blogue, pudemos provar o recente branco, que não conhecíamos, o Pegos Claros Blanc de Noirs, e também um vinho engarrafado em 2015 – resultado de uma experiência de fermentação em barrica aberta, está um vinho cheio e taninoso, sem concessões às modas, decerto bom parceiro gastronómico –  ainda em crescimento na garrafa e longe de ser comercializado, por enquanto com a designação de Talhão 22. Uma boa surpresa para os admiradores dos vinhos desta herdade.


O conjunto de vinhos produzidos nesta adega tradicional merece toda a atenção dos apreciadores. São vinhos de carácter.


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