No tempo estival
que atravessamos, pese algumas hesitações astrais, os brancos têm a primazia.
Vários têm sido os que têm passado pela nossa mesa, tornando mais frescos os
fins-de-tarde e alegrando as refeições próprias do Verão, onde por norma
comparecem fartas e variadas saladas. Se uns são provados pela primeira vez,
outros são regressos sempre apreciados.
No primeiro caso, está, por exemplo, o
surpreendente Invisível (Aragonês, uma casta tinta) da Ervideira ou o Cova da Ursa (Chardonnay) da Bacalhôa; no segundo caso estão,
por exemplo, o Catarina (Fernão Pires, Arinto e Chardonnay), também da
Bacalhôa, o Quinta da Alorna (Chardonnay e Arinto), o valente Lupucinus (Arinto, Gouveio e Viosinho), da Quinta do
Lubazim, o Duas Castas (Gouveio e Antão Vaz) do Esporão, o Dory (Arinto, Viognier e Fernão Pires), muito do
apreço cá de casa e com um notável equilíbrio entre preço e qualidade; e, last but not the least, os Alvarinhos
produzidos por Anselmo Mendes, o Contacto e o Muros Antigos, este último repetidamente
bebido também na versão Escolha e Loureiro, ou a excelente versão do Alvarinho
em espumante Bruto, da casa Soalheiro.
Porém, curiosamente,
o nosso convidado especial de hoje é um vinho que não tem as características de
um «vinho de Verão», pois é mais complexo do que fresco, se assim se pode dizer.
Trata-se do Encruzado (2013) da Quinta dos Carvalhais. É coincidência, mas serve a referência também
para saudar o posicionamento da Sogrape no primeiro lugar do ranking das melhores empresas vinícolas do mundo.
A casta que leva
o nome de Encruzado é, em nossa opinião, uma das mais interessantes castas
nacionais e rastreámos a sua presença a propósito do Vinho do Buçaco. Acerca dela informa-nos o Instituto da Vinha e do Vinho:
«Casta branca autóctone, é cultivada nas
áreas da IGP Beiras, com particular incidência na DOP Dão, bem como nas IGP da
Península de Setúbal e Alentejano; é uma casta com características específicas
(desenvolve gavinhas nos entre-nós), apresentando no geral boa afinidade com
todas as variedades de porta-enxertos. Os vinhos obtidos são geralmente de
elevada qualidade, elegantes e de grande complexidade aromática, com notas
vegetais (pimenta verde), florais (rosa e violetas), minerais (pederneira) e
frutos (limão), a que se podem associar outros, com o envelhecimento».
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