Luxos como o do
silêncio e do sossego são cada vez mais raros e difíceis de alcançar. Se a esse
silêncio e sossego somarmos o luxo da simplicidade, algures entre o
despojamento e a opulência, estaremos a falar de um lugar tão perfeito quanto
improvável para exercícios epicuristas (epicurismo é a «doutrina moral de
Epicuro, filósofo grego do século III a. C., que identificava o bem com o
prazer, e postulava que este resultava da prática da virtude, da cultura do
espírito, e não do gozo grosseiro dos sentidos», Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea) e sensuais.
Improvável?
Improvável é o
nome do restaurante do empreendimento Imani – Casa de Campo, situado na Quinta de Montemuro, a 3 ou 4
km do Cromeleque dos Almendres, perto da povoação de Guadalupe, concelho de
Évora. E se falamos aqui do restaurante, é enquanto elemento de um conjunto, dele
não se destacando, antes o integrando harmoniosamente. Não há nada a destacar
no Imani. É a sua totalidade que se destaca.
Os quartos e
suítes, apenas 7, diferentes entre si e não só na decoração, mas também na
concepção do espaço; as salamandras e lareiras que surgem como uma promessa
invernal; a piscina circular e o espaço circundante; os dois burros; a
maravilhosa piscina pequena, ao fundo do carreiro que se prolonga naquilo a que
nos habituámos a chamar o recanto da leitura, sob as árvores; o pequeno jardim;
os pomares circundantes, mais secos no Verão, verdejantes no Inverno; o espaço
de repouso no exterior das suítes; o ruído de água a correr; o alpendre do
«honest bar», onde a meio do dia nos podemos proporcionar o festim de umas
tostas imensas e uma bebida fresca, mas onde também se pode jantar e ficar
noite dentro à conversa; a afabilidade sóbria de todos os que ali trabalham.
O restaurante tem
uma ementa muito breve e bem definida que, porém, exprime uma cozinha correcta
e sem efabulações excessivas. O que lá se come é bom e bem confeccionado. O que
lá se bebe é igualmente bom, com destaque para a gama de vinhos do enólogo e
produtor Paulo Laureano, que também assina o vinho da casa: o Improviso.
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